Pesquisar este blog

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Aulinhas de layout para midia impressa

Fala, pessoal! Primeiramente quero agradecer as visitas diárias (poucas, é verdade, mas sei que vão aumentar) que ando  recebendo regularmente e os resultados das enquetes, isso tem me deixado muito feliz. Sempre que puderem divulguem o Blog, por favor. Quem sabe ele não cresce ainda mais, não é verdade?

Chega de papo furado. Hoje vamos falar de um assunto básico, mas essencial para o início de toda e qualquer criação, o primeiro risco com lapis bem fraquinho na folha de papel em branco.

Já foi dito nos posts anteriores como hoje em dia a direção de arte é vital para a propaganda. A vida nos centros urbanos adquiriu tamanha magnitude que assumiu características próprias. Em 2006, cerca de 81% da população brasileira vivem nas cidades. Portanto, se você está criando para um produto que não é voltado para as áreas rurais, terá que pensar nesses 81% que vivem nas aglomerações urbanas. Como vive esse grupo de pessoas? Que hábitos têm? Quanto tempo dispõem ou para obter informações na internet sobre notícias, entretenimento e consumo? Quanto tempo eles têm para le ruma revista ou jornal e melhor ainda: quanto tempo eles têm para gastar em um anúncio ou qualquer outro material publicitário? Será que a maioria pode ficar 10 minutos lendo apenas um anúncio? laro que não, né pessoal...


Primeiros passos para criar e criar bem:

1- Não crie pensando em prêmio (qualquer que seja ele: dinheiro, medalhas, troféus...). A premiação será uma conseqüência do seu trabalho e não um fim em si mesma. Além do mais, quando você trabalha focado em uma premiação, sem saber, você acaba de reduzir seu campo criativo, colocando empecilhos em boas idéias que  num primeiro momento poderão vir camufladas de péssimas idéias (vide o exemplo daquele anúncio do complemento alimentar: primeiro as pegadas e depois aquele aparelho)

2- Crie para seu cliente e não para a agência ou para você: respeite a grana que ele está gastando, você deve criar focado em resultados para ele

3- Troque idéias com seu dupla (se tiver um) a fim de que você consiga captar uma característica única do produto ou serviço que você está criando e tente criar pensando nisso. Esse é o diferencial daquele produto ou serviço e deverá ser evidenciado graficamente na sua criação. Caso não haja esse diferencial ou não dê para transformá-lo em uma imagem, tente outra característica mais comum neste produto e serviço, mesmo que outros concorrentes também tenham essa característica e deixe que o texto se vire melhor com essa  parte. Acho ruim quando isso acontece, mas é uma situação de certa forma, freqüente. Claro que é tudo questão de estudo, meu povo. Tem situações em que não dá pra fazer assim, de tanta informação e texto que o anunciante quer colocar no espaço comprado.

4- Force uma leitura dinâmica do anúncio em tempo recorde. Pense em uma diagonal cortando seu anúncio:
 
Bem-vindo à demonstração gráfica da trajetória do olho humano quando percorre uma página que ele julga não interessante, a primeira vista.

- Nossa... sério? Porque eu faço assim com os olhos, será que eu tenho algum problema?




Não, é diferente, meus amigos. isso é quando você está procurando uma palavra específica em um texto qualquer. Ninguém faz uma leitura demorada dessa em um anúncio, e se você faz a leitura de uma peça qualquer dessa forma, mesmo que ruim,  é porque você trabalha com criação. Quem não trabalha com criação não faz assim e vou explicar o motivo agora, para você acreditar em mim:

Pessoal, a bolinha 1 é a área por onde todos os seres alfabetizados que habitam o ocidente começam a leitura de qualquer mídia impressa que você peça para ele ler/olhar. Se você entregar um gibi a uma criança de 3 anos talvez ela não faça assim. Se você entregar a um japonês 100% original, ele não fará assim também. Mas nós não criamos para japoneses ou crianças de 3 anos, vamos em frente...

Ninguém começa a ler pelo meio ou pelo fim. Todos aqui no ocidente começam pelo ponto 1, sem exceção. E quando eu digo leitura eu digo leitura em sentido amplo, desde ler letra por letra, palavra por palavra até "varrer" com os olhos. Eu chamo o ponto 1 de "Marco Zero".

O ponto 2 eu chamo de "leão de chácara" (você entenderá o porquê) e é o atalho que o olho arrumou para a saída de emergência, visto que a menor distância entre dois pontos, desde que não haja um "buraco-de-minhoca"  no meio, ainda é uma reta.

O ponto 3 é a "saída de emergência", quando o cara avista o ponto 3 ele "prega" saliva no indicador e mete bala, meu amigo... seu anúncio agora é página virada... esqueça... estava uma bosta.

Vamos ver como ficou essa minha terminologia para o anúncio:

O Marco Zero é a área dominada pelo redator. Ele tem a obrigação de fazer o cara ler essa parada que pode ou não estar aí, depende do layout e da criação do conceito, e de outros fatores. Os diretores de arte mais ferrados, mais ousados e ao mesmo tempo mais simples e sutis cujo trabalho eu conheço viram para o redator, que é o goleiro defendendo um penalty, dão um tapinha nas costas do goleiro-redator e dizem:


- Pode deixar que eu seguro, meu chapa... tá tranquilo.

Para mim, esse diretor de arte, desde que eu era "garoto" e conhecia seus trabalhos de também "garoto"( inclusive uns que ele nem deve ter na pasta mais, do portal zipmail com super-heróis quebrando parede de quartos) é o Sidney Araújo. Sempre quis conhecer esse cara, mas nunca frequentamos o mesmo ambiente, visto que eu só trabalhei em agências de fundo de quintal (tô exagerando, pessoal...por isso vou evitar de comentar onde exerci a atividade de diretor de arte, para não denegrir estas empresas que me deram oportunidade) e ele só trabalhou em agências grandes. Acho que mandei minha pasta pra ele uma vez... e ele não me retornou. Deve ter achado ruim. Enfim, não gosto de citar nomes, mas o Sidney precisa ser citado porque ele é referência, principalmente para quem começa.

Voltando: os diretores de arte que realmente conseguem transformar conceitos em imagens fazem layouts com o ponto 1 vazio... sem Marco Zero, pessoal. Eles pedem ao redator ou diretor de criação, depende do caso, que os deixem assumir total responsabilidade.

Leão-de-Chácara

Galera, se o ponto 2 pudesse falar ele diria assim para os olhos fugitivos do nosso querido consumidor-leitor:

-Aqui não se passa sem falar comigo antes.

Vocês entendem agora o quanto é importante, braçal, pesado, e todos os adjetivos horríveis que poderia colocar aqui, o trabalho de um diretor de arte? É muita responsa, meu povo... O redator pode até ter falhado em colocar uma chamada não interessante no ponto 1 ou mesmo você ao escolher uma fonte estranha, de péssima leitura ou sei lá o que mais que você e seu dupla inventaram no marco Zero, mas você não pode falhar: agora no ponto 2, o goleiro é você, meu amigo. Não tem segunda chance... a próxima etapa é a saída de emergência.

Dica:
Claro que é uma metáfora, né pessoal... não é pra rabiscar "Leão-de-chácara" no seu layout... mas é para você criar uma imagem que faça esse papel, não deixando que ninguém passe daquele ponto sem "conversar" com o anúncio todo. Aqui valem todas as dicas que já dei antes e outras que ainda discutiremos. Tem que ser uma imagem clara, objetiva, que todos conheçam ou até mesmo uma coisa curiosa, bonita, enfim...

Saída de emergência:

Ok... você se danou... mas faz o seguinte meu amigo... coloca a marca bem bonitinha do seu cliente aqui, e se tiver espaço, uma foto do produto e não se esqueça do pedir ao seu redator ver se cabe algum texto aqui. Texto curto... daqui a alguns centésimos de segundo tudo isso vai ser coberto por saliva mesmo...


Podemos aprofundar esse assunto, se vocês desejarem... faz uma avaliação positiva nos check-box ali embaixo para eu saber que vocês querem se aprofundar nestes toques, ok?

Espero que tenham gostado! Grande abraço a todos e, mais uma vez, obrigado por dividirem essa paixão assoladora pela criatividade com esse artista de fundo de quintal... ;)

3 comentários: