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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O bom e velho processo criativo...

Cara, eu costumo dizer que criar é igual fazer cocô. E não adianta dizer que não. Um amigo meu vive me dizendo que, embora eu tenha passado em um concurso público, a arte pulsa dentro do meu cérebro. E não é que ele tem razão? É como se fosse uma necessidade fisiológica. Tem que sair e não tem outro jeito. Se você segura essa necessidade criativa por muito tempo, aquilo vai acabar saindo de forma embaraçosa. Para que passar vergonha meus amigos? Deu vontade, faça! Esses dias eu fui assistir a um show de rock de bandas locais e conforme eu apreciava a musica saindo das guitarras, contrabaixos e baterias, uma imagem rockística começou a saltar diante de meus olhos (sim, meu amigo... imagens "brotam" da minha mente e se materializam diante dos meus olhos desde que eu me conheço por gente). Era um tênis Converse (ou All-star, como queira...) com uma quantidade de detalhes extremamente surpreendente que ficava "batendo" no ritmo da musica, tal qual os pés dos guitarristas ficam quando estão tocando sentados. Nem dei bola. Toda vez que estou curtindo algo, acontece coisas semelhantes. Não, caro leitor: não uso drogas. Meu cérebro é assim mesmo, deve ter vindo com defeito de fabricação assim como aqueles sinestésicos que enxergam cores, gosto ou cheiro nas músicas. Achou estranho? Espere um dos próximos posts em que explicarei como crio as logomarcas que faço vez ou outra e aí sim você me chamará de estranho. Ok... o post ficou longo e você está cansado... vou resumir: o tênis se desdobrou como se fosse um origami e ficou plano igual a uma folha de papel e evaporou bem na frente de meus olhos. Isso dura um milésimo de segundo, mas é uma experiência fantástica. Claro que cheguei em casa e passei tudo aquilo pro papel! foi fabuloso, pessoal! Mas como era esse tênis "planificado"? Você deve estar se perguntando. Como são essas imagens? Calma, pessoal! Por se tratar de algo interessante, ensinarei nesse post como criar coisa semelhante e ainda matar sua curiosidade.

O que você aprenderá neste post?

1- Como extrair "momentos de loucura" de sua mente criativa e aplicar nos seus trabalhos.
2- Como exprimir MATERIALMENTE um conceito qualquer em, por exemplo, uma peça publicitária
3- O que fazer para tornar sua criação mais viva e interessante



Ok... antes de mais nada vou matar sua curiosidade... a "bagaça" ficou assim:

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Parte 1: O bom e velho "rafe":

Não importa se você chama de rascunho, "rough", raff, raf, rafi ou sei lá o que mais. não adianta, meu caro. Tem que desenhar num papel. Eu sei, eu sei... eu também relutei no começo. Mas é assim... não tem jeito. E quem disse que precisa saber desenhar? Onde é que você leu isso? Me fale onde está escrito que designer e diretor de arte devem desenhar melhor que Miguel Ângelo? Isso é uma total bobagem. O "rafe" é importante porque só ele vai conseguir transmitir o tipo de curva, o tipo de detalhe e a expressão daquilo que você está criando. Muito dificil o sujeito pegar um programa de edição vetorial e, num curto espaço de tempo, desenhar um rascunho tão bom quanto um feito à mão. Perca este seu trauma e vá "treinando". Garanto que valerá a pena! Ok! Vamos em frente...


Parte 2: Juntando informações para fazer um "rafe"

Aqui cada um aprenderá por tentativa e erro. Vamos supor que eu não tivesse "visto" tal imagem em minha mente. Eu teria primeiramente um conceito a ser desenvolvido: uma peça do vestuário de rockeiros dos anos 80. Perfeito... um Converse preto. Vamos dar uma olhada nele, pessoal!
Uau! Meu predileto: converse preto com friso vermelho! Ótimo! Vamos analisá-lo visualmente. O que chama mais a atenção nele? Por que isso é um Converse cano-longo e não uma banana-maçã? O que ele possui que o torna um Converse? Seriam as cores? Se eu pintasse uma Ferrari  de preto e vermelho e te mostrasse você diria que era uma Ferrari ou um Converse? Certamente você diria que era uma Ferrari, logo não são as cores que tornam o Converse tão característico. Seria o formato? Faça um teste. Imprima aquela imagem do converse "planificado" e esconda a logomarca e mostre para algum sujeito que goste do Converse. Você acha que ele vai falar que aquele quadrado de Jeans com ilhoses é uma Ferrari, uma banana-maçã ou uma borboleta? Nenhum dos três, obviamente isso foi uma brincadeira idiota. O mais provável é que ele lhe responda: "Nossa... que legal! Você que fez?". Mesmo que ele não identifique um Converse de imediato, ele fará a leitura de que aquilo possui elementos que compõem um tênis (jeans/lona, cadarço, ilhoses, borracha branca com hachura, etc). Esses elementos todos, somados à logomarca em forma de estrelha compõem um elemento industrializado que conhecemos por Converse. Se ele estivesse todo desmembrado e as peças estivessem todas soltas em cima de uma mesa (ilhoses, cadarços, borrachas com frisos e hachuras, jeans/lona preta, e linha de costura, palmilha, biqueira e linha, tela de silk da logomarca e tinta) e alguém lhe pedisse para "montar" um produto industrializado, certamente, se você fosse uma pessoa normal, você montaria um Converse (desde que o conhecesse previamente). Eu disse "SE você fosse uma pessoa normal". Eu, por exemplo, se tivesse todas essas peças soltas, montaria a arte lá de cima, sem dúvida nenhuma! Você também, certo? Mas nós somos artistas... não somos "normais", com a divina graça de Deus! Voltando à sanidade mental, o que caracteriza um Converse é uma série de elementos que o compõe, dispostos de forma específica (ex: ilhoses lado a lado, friso vermelho separando o tecido da borracha, costura aparente, bico emborrachado com hachura, etc). Pronto! Você já tem vários elementos importantes para você "enfeitar" o seu "rafe"...

Parte 3: Desenhando o "rafe":

 Cá entre nós, pessoal! A parte mais difícil já foi, vai? Agora é só escolher o material. Isso não tem regra... alguns gostam de lapis, outros de caneta, outros de canetinha hidrocor. Eu prefiro as hidrocores porque posso já indicar no "rafe" como essas cores se comportarão... isso mesmo, galera! Eu desenho vários "rafes" até sair algo mais ou menos... rs... repare só:

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Sim! A arte final saiu desse desenho, pessoal! E que arte final... o arquivo original tem o formato 42x28 e 300 dpi! Se alguém estiver interessado ($) é só me avisar...  :)

Na verdade esse "rafe" é o terceiro... note que ele já tem outros elementos que dão maior ênfase ao conceito rock´n roll proposto na hora da criação. Mas esse assunto será retomado mais tarde.


Parte 4: fique ligado enquanto desenha

Uma coisa importante que poucas pessoas dão atenção na hora de fazer o rascunho: idéias surgirão conforme você rabisca no papel. Creio que isso aconteça porque enquanto desenha você está estimulando seu lado cerebral responsável pela criatividade. Tente fazer anotações rápidas do lado do desenho enquanto você rabisca para se lembrar delas mais tarde. Um dia você ainda me agradecerá por esta dica, caso já não a utilize. Observe que nesse meu rascunho tem algo anotado...

Well, o post tá bem longo... vou parar por aqui e mais tarde continuamos nossa prosa artística. Prometo!


Obrigado pela leitura e por dividir sua paixão criativa comigo!

Até a próxima...








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